Tudo sobre Cibersegurança, Segurança da Informação e Proteção Digital.

Você tem uma propriedade, faz de tudo para deixá-la segura, tranca todas as portas, coloca cadeados dos mais potentes, mas uma janela fica meio aberta... Ela é velha, tem um defeito de fábrica e não fecha direito.

Num mundo tão perigoso como o atual, essa pequena fresta seria grande o suficiente para que bandidos se aproveitassem e invadissem toda a sua casa.

E no cibermundo, as coisas não são diferentes!

Neste artigo, falaremos dos exploits, as ferramentas que os assaltantes digitais usam para tirar proveito de janelas defeituosas.

O que é um exploit?

Como o próprio nome sugere, exploit se refere a uma sequência de comandos, dados ou parte de um software, criados para explorar potenciais erros de um programa, aplicativo ou sistema operacional.

Inicialmente, esses códigos foram elaborados por programadores para a detecção de pontos fracos em produtos digitais, a fim de que fossem corrigidos pelos seus desenvolvedores.

Porém, hoje os exploits são frequentemente utilizados por cibercriminosos com o intuito de tirar vantagem de vulnerabilidades para seus fins maléficos.

Vulnerabilidades

Quando o assunto é cibersegurança, as vulnerabilidades são o calcanhar de Aquiles de qualquer dispositivo. Elas são falhas de segurança (oriundas de erros no desenvolvimento do produto) que, uma vez exploradas pelos atacantes, podem gerar consequências terríveis.

Os invasores se aproveitam dessas brechas para se apossar de um software e, por extensão, o PC da vítima e toda a sua rede.

Recentemente, inúmeras instituições têm sido vítimas de grupos ransomware por meio da exploração de uma nova vulnerabilidade do Windows, denominada PrintNightmare.

Por meio de exploits, todo um império pode ser invadido e saqueado se uma única janela de uma simples casa estiver vulnerável.

E a exploração não para na invasão, pois essa ameaça é, literalmente, um pacote completo. Para aproveitarem o máximo possível da vulnerabilidade, os exploradores cibernéticos trabalham com um verdadeiro kit de ferramentas — o kit exploit.

Kit exploit

Esse pacote aproveitador nada mais é que uma coleção de diferentes tipos de exploits agrupados. Hackers de todo o globo podem comprar, ou até mesmo alugar esses pacotes na dark web para suas tentativas de invasão a empresas e organizações governamentais.

E além dos diversos exploits, esses kits também contém malwares que finalizam o serviço sujo.

Pois, diferentemente do que muitos pensam, um exploit não é um software malicioso. Eles apenas trabalham juntos.

Para saber tudo sobre malware, leia nosso artigo:

O que é malware? Descubra como se proteger dessa ameaça!
Acredito que você já tenha escutado ou lido essa palavra, mas você sabe o que é um malware? O termo malware é a abreviatura de Malicious Software, que é um software desagradável ou maligno que propõe-se acessar secretamente um dispositivo ou máquina sem o conhecimento do usuário, com o fim de danifi…

Exploit x Malware

Normalmente, os exploits são ativados sem a necessidade de uma ação direta do usuário, enquanto os softwares maliciosos precisam que a presa clique em um determinado link, faça o download ou execute algum arquivo maligno para infectar um sistema.

A confusão acontece porque, embora os exploits não sejam, em si, malignos, eles funcionam como um “trampolim” para que o malware anexado ao kit alcance o sistema do programa atacado.

Se uma vulnerabilidade é como se fosse uma janela entreaberta, o exploit é a escada pela qual o criminoso chega à desgastada janela, e o malware é a mochila na qual o ladrão coloca todos os dados roubados.

Portanto, um exploit é um método para delivery de malware. Ele não infecta o sistema, mas abre as portas para que o programa malicioso entre e o contamine. É como um cavalo de Troia, só que mais perigoso, pois os antivírus padrões não conseguem detectá-lo por não carregar códigos nocivos em seu "DNA".

Por esse motivo, os exploits são considerados o pesadelo dos desenvolvedores!

E um ataque de kit de exploits é ainda mais ameaçador quando se trata de empresas — que são os alvos principais dessa exploração perversa.

Como o ataque por kit de exploits funciona?

Primeiro, os atacantes ocultam o kit de exploit em uma página da web — por meio de hacking ou malvertising (anúncios infectados).

Uma vez que um usuário acessa o site comprometido, ele é imediatamente redirecionado a uma página invisível para uma espécie de inspeção

O pacote escaneia silenciosamente o seu dispositivo por inteiro, procurando por vulnerabilidades não corrigidas.

Se elas são encontradas, os criminosos experimentam os vários tipos de exploits do pacote em busca de um que consiga contornar as barreiras de proteção da vítima, e explorar as falhas de segurança dos seus programas.

Assim que o exploit ganha acesso, ele descarrega o malware adicional cujo payload é utilizado pelos atacantes para fazer o que quiserem com o computador invadido e a rede que o interliga.

O tesouro de uma empresa pode ser tomado a partir de uma simples navegação do seu colaborador pela internet!

Normalmente, os cibercriminosos escolhem hospedar os exploits em endereços eletrônicos populares para obter o maior retorno do investimento.

Sites confiáveis como do Yahoo, New York Times e MSN (o bom e velho) já foram hospedeiros de exploits sem saber.

Os atacantes têm bastante êxito nas explorações! Na hora da hospedagem, eles fazem de tudo para ofuscar o código e evitar que o kit seja detectado, e após a exploração, encriptam suas URLs para impedir que investigadores os analisem.

E é o resultado dessa tentativa de ofuscação que diferencia os tipos de exploits. Tecnicamente, são apenas dois: os conhecidos e os desconhecidos.

Exploits conhecidos

Esses exploits são os que já foram descobertos e analisados pelos pesquisadores de segurança.

Normalmente, as vulnerabilidades que eles exploram já tiveram tempo suficiente para serem reparadas pelos desenvolvedores; e por conta disso, pode-se tomar medidas mais efetivas para evitar que sistemas sejam violados por eles.

Exploits desconhecidos (ou exploits de ‘dia zero’)

Estes exploits são programados por cibercriminosos no mesmo dia que uma nova vulnerabilidade é descoberta. O objetivo é explorar as falhas das aplicações antes de serem corrigidas.

Quando um ataque de exploit de dia zero ocorre, os desenvolvedores de software e pesquisadores de segurança precisam agir rapidamente para descobrir como o exploit funciona, e como corrigir a vulnerabilidade.

Devido a esse desconhecimento, os criminosos que conseguem explorar uma falha desse tipo podem comprometer todos os servidores que possuem as mesmas características, até que um “salvador da pátria” descubra uma maneira de interromper a exploração e a divulgue para a comunidade da cibersegurança — seja um patch de correção feito pelo fabricante do programa, sejam soluções de proteção devidamente configuradas para barrar a exploração.

Alguns exploits “0-day” deram origem a ciberataques tão grandes que ficaram famosos. No nosso pocket (aí embaixo) falamos deles.

Como evitar atividades de exploit?

Por serem associados ao código-fonte do seu sistema operacional, ou dos softwares utilizados nele, dificilmente vai ser encontrada uma solução para o exploit em si; porque isso está nas mãos do fabricante do software.

Porém, há duas ações essenciais que podem minimizar os riscos de um ataque por kit de exploits:

1.Manter o sistema atualizado

A melhor e mais acessível medida de prevenção contra exploits é atualizar o sistema operacional e todos os seus programas.

Para entender melhor a importância das atualizações, confira nosso artigo:

Update de softwares e hardwares: tudo o que você precisa saber!
“Update or Die!”, afirmou Carlos em um tom repleto de ira. Carlos é um profissional de TI, responsável pela gestão da tecnologia da informação, o cérebro invisível de qualquer empresa. A raiva de Carlos tem um motivo: o desinteresse dos gestores quanto às atualizações dos softwares e hardwares d…

Quanto mais tempo um software permanece desatualizado, maiores as chances de suas vulnerabilidade serem identificadas e exploradas.

Porém, os exploits representam uma ameaça mesmo a usuários conscientes que mantém suas atualizações em dia.

A razão é o gap de tempo entre a descoberta da vulnerabilidade e a liberação da atualização que a corrige. Até que a correção seja liberada, os exploits podem funcionar livremente e ameaçar a segurança de quase todos os usuários da internet – a não ser que alguma ferramenta para evitar ataques seja instalada.

E essa é a outra medida preventiva:

2. Investir em cibersegurança

Os exploits não são detectáveis pelos antivírus comuns, que conseguem apenas detectar os malwares já infiltrados e mitigar os danos da investida criminosa.

Assim, para identificar e bloquear as ferramentas dessa exploração danosa, os programas de defesa do explorado devem contar com soluções de segurança mais sofisticadas, presentes em ferramentas corporativas, como a ‘Exploit Prevention’ da Kaspersky — já que as corporações são os maiores alvos de ciberataques via exploit.

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Conclusão

O exploit é um instrumento utilizado por cibercriminosos para a exploração de falhas de segurança que necessitam de atualização.

Essas janelas velhas e defeituosas dão abertura para que aproveitadores invadam uma propriedade digital e a assaltem por completo. E aí, só uma janela nova para resolver.

Que tal ficar por dentro do mundo da cibersegurança e conhecer outras armas para a batalha contra os ataques cibernéticos?

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Fontes:

Malwarebytes | Kaspersky | Avast